sábado, 11 de fevereiro de 2012

Pesquisadores americanos afirmam que jejum pode ajudar a combater câncer

O jejum é uma prática presente em diversas religiões, incluindo o Cristianismo, e sempre visto como uma prática de penitência religiosa. Agora um estudo feito na Universidade Southern Califórnia diz que jejuns curtos e severos tem impacto similar ao da quimioterapia no tratamento de alguns tipos de câncer, tornando mais lento o crescimento dos tumores. O estudo foi publicado na revista “Science Translational Medicine”.

A pesquisa, liderada pelo professor Valter Longo, professor de Gerontologia e Ciências Biológicas da universidade, constatou que em cinco de oito tipos de câncer em ratos o jejum atuou de forma positiva, e que aliado à quimioterapia aumenta substancialmente o índice de sobrevida dos pacientes.

Em todos os casos estudados “a combinação de ciclos de jejum com a quimioterapia foi mais ou muito mais eficaz que a quimioterapia sozinha”, disse Longo explicando que a privação de alimentos tornou o crescimento dos tumores mais lento.

De acordo com o Estadão os pesquisadores constataram que os múltiplos ciclos de jejum combinados com quimioterapia curaram 20 % dos ratos afetados por um tipo de câncer infantil altamente agressivo, que tinha se propagado por todo o corpo, e 40% dos ratos com uma propagação menor do mesmo tumor. Nenhum dos ratos do estudo sobreviveu apenas com a quimioterapia.

Porém o professor alerta que para ter certeza da eficácia desse tipo de tratamento em humanos seriam ainda necessárias provas clínicas, que levariam anos para serem concluídas.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Cantor flagra traição e sai de casa, segundo jornal

O cantor Belo e a modelo Gracyanne Barbosa podem estar se separando. De acordo com o jornal Extra, Belo flagrou a mulher em uma traição na última sexta-feira (3) e por isso estaria saindo de casa. Os dois teriam passado o final de semana brigados até o cantor resolver terminar de vez o relacionamento de cinco anos.

Segundo a publicação, Belo chegou a abandonar o palco durante uma apresentação no início da semana por estar muito abalado. Ele teria inclusive cancelado sua agenda de shows.

Segundo o colunista Léo Dias, do jornal O Dia, a assessoria do cantor nega a crise no casamento. Os assessores de Belo dizem que ele decidiu dar um tempo na carreira para cuidar da saúde.

Já Gracyanne usou sua página no Twitter para negar a crise no relacionamento. "Gente, o que é isso de 'saiu de casa e traição' para vender jornal? Meu Tudão está dormindo aqui do meu lado. Triste o sensacionalismo".

Em seguida, a modelo postou uma foto de Belo dormindo para provar que o cantor ainda está em casa. "É o Tudão saiu de casa. Esse que estou com pena de chamar para malhar é um fantasma", ironizou ela.

Wando morre aos 66 anos

O cantor Wando morreu nesta quarta-feira (dia 8), aos 66 anos, em decorrência de uma parada cardíaca. A informação foi confirmada pelo hospital Biocor, de Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, onde ele estava internado.

Wando estava no hospital desde o dia 27 de janeiro, com graves problemas cadíacos. Ele foi submetido a uma angioplastia coronariana em caráter de urgência para desobstrução das artérias e estava em tratamento no Centro de Terapia Intensiva.

Na terça-feira (dia 7), um bletim médico dizia que o quadro do cantor era estável e ele apresentava melhora.

Chegou a divulgar um bilhete, apresentado no "Fantástico", da TV Globo, no domingo, em que dizia "Estou na oficina de Deus arrumando a turbina. Me aguardem".

Ouça sucessos e aprenda músicas de Wando no Vagalume

Bastante conhecido pelo sucesso "Fogo e Paixão", do disco "O Mundo Romântico de Wando" (1988), Wando começou a carreira em 1969 e se tornou conhecido por suas músicas românticas e pelo fetiche em calcinhas, que colecionava das fãs. Seu último disco de inéditas, "Romântico Brasileiro, Sem Vergonha", foi lançado em 2005.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Dilma se compromete com a Ley de Medios

Revisão do regulamento da radiodifusão, de 1963, será concluída este ano, diz Dilma


Mensagem da presidenta Dilma Rousseff ao Congresso Nacional estima que será concluída este ano a revisão do Regulamento de Serviços de Radiodifusão, que é de 1963. O objetivo é “integrar em um único regulamento os procedimentos relativos a todos os serviços de radiodifusão, seus ancilares e auxiliares, bem como outras evoluções visando à simplificação dos processos de outorga e pós-outorga”.


Em relação ao novo marco legal da mídia, faz apenas uma menção rápida no sentido de “prosseguir com as ações voltadas à atualização do marco legal das comunicações eletrônicas”. Em relação às rádios comunitárias, a mensagem menciona o Plano Nacional de Outorgas de Radiodifusão Comunitária que permitiu a abertura de avisos de habilitação a 431 Municípios que ainda não possuíam emissoras comunitárias.


TV Digital


De acordo com a mensagem, cerca de 45% das emissoras analógicas já foram consignadas a operar, simultaneamente, em tecnologia digital e quase 10% das emissoras já foram licenciadas na nova tecnologia. No intuito de acelerar ainda mais a digitalização da televisão no Brasil, principalmente em razão dos grandes eventos esportivos, foi designado, em novembro de 2011, um grupo de trabalho destinado especificamente aos processos de consignação e licenciamento das estações digitais.


Sobre a adoção do Ginga, campo onde o governo trava uma disputa com a indústria na definição do percentual de adoção obrigatória, a mensagem diz que o processo encontra-se em fase de conclusão.

Luxemburgo diz que foi fritado

Demitido um dia depois de conquistar para o Flamengo um resultado decisivo – a vitória sobre o Real Pososí por 2 a 0, na Libertadores – Vanderlei Luxemburgo considera que foi vítima de um processo de ‘fritura’, combinado com falta de profissionalismo de alguns jogadores da equipe, o principal deles Ronaldinho Gaúcho. “Fui fritado. Foi um dos processos mais feios que eu já vi na minha vida. Continuei no clube por profissionalismo, porque a gente tinha um objetivo que era a conquista da vaga para a fase de grupos da Libertadores”, disse, em sua primeira aparição pública após a demissão, na manhã desta sexta-feira no Rio.

Procurada pelo site de VEJA, a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim, momentos após a coletiva de Luxa, afirmou que já estava ciente das declarações do treinador, e deu sua versão para a demissão. Patrícia atribuiu a troca de comando do time a um desejo da torcida - que nos dois últimos jogos do Fla levou cartazes para os estádios contra Vanderlei. “A decisão não foi de uma pessoa só, foi de toda uma diretoria, dos sócios que se manifestam através da nossa ouvidoria e dos torcedores que se manifestaram para a gente de várias maneiras”, justificou.

A mandatária do clube também preferiu colocar panos quentes na briga interna travada meses a fio por seu braço direito, o vice-presidente de finanças Michel Levy, e Luxemburgo. “Não teve nada de fritura. Muita coisa está sendo falada de cabeça quente, a gente entende o momento das pessoas, mas as coisas não foram bem assim. Ontem o culpado pela queda dele era o Ronaldinho, hoje já é o Michel Levy. As coisas não podem ser desta maneira e não é assim que fazemos no Flamengo”, disse Patrícia.

Horas antes, durante a coletiva o técnico sustentou que tinha conhecimento de sua demissão desde dezembro de 2011. “Eu já sabia que ia sair do Flamengo há dois meses. Foram informações de vocês mesmos jornalistas que vinham me contar, da minha assessoria de imprensa que me abastecia de informações. Ontem foi apenas a confirmação”, afirmou ele, explicando que os boatos de sua demissão eram vazados para imprensa pelo próprio vice de finanças. “Cada pessoa escolhe os seus pares. Quem escolheu a diretoria da Patrícia foi a Patrícia. O Michel Levy hoje é um homem-chave na administração. As declarações dele, até em off, trouxeram muito prejuízo para o projeto”, disse Vanderlei, explicando a estratégia de seu algoz para enfraquecê-lo junto a Patrícia.

Para Luxemburgo, Patrícia Amorim foi desleal e desrespeitosa. “Eu fui totalmente desrespeitado. Eu fui leal a Patrícia o tempo todo. Mas acho que ela não foi leal da mesma maneira”, disse. “A Patrícia tomou a decisão mais por quem estava do lado do que por ela. Isso é ruim. Presidente tem que ter autoridade. Essa parte ela deixou de ter. Aceitei algumas coisas ano passado em nome de um objetivo maior que era voltar para a elite do futebol sul-americano, mas aconteceram coisas que não são cabíveis dentro do futebol. Este ano eu quis mudar. Regalia que um atleta de alto nível deve ter é salário alto. O clube é soberano. Não pode ficar refém de jogador, dirigente, técnico, da presidente, de ninguém. O clube é sempre soberano nesse processo”, afirmou.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O exagero da censura ao DVD de Rafinha Bastos

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Rafinha Bastos usou camisinha com efeito retardante. O resultado? Precisou internar o pênis na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais).

E aí, achou graça? Eu também não. Nem por isto entrei com um processo.

Mas a APAE entrou. E ontem conseguiu uma liminar que proíbe a venda do DVD "A Arte do Insulto", que contém esta piada contada por Rafinha em seu show durante anos a fio. A APAE também conseguiu, é claro, que a tal piada fosse repetida em várias matérias sobre o caso.

Não há humorista em atividade no Brasil de hoje que não esteja sendo ameaçado por este ou aquele grupo. O Sindicato dos Metroviários de São Paulo quis tirar do ar a Valéria do "Zorra Total" (Globo).

Entidades que cuidam de autistas exigiram que Marcelo Adnet se retratasse por causa de um esquete considerado ofensivo. Rafinha Bastos, então, deve estar deixando ricos seus advogados.

O brasileiro adora sua fama de povo irreverente, mas é inegável que estamos cada vez mais suscetíveis e mal-humorados. Ainda não nos acostumamos com o direito à livre expressão garantido pela nossa jovem democracia. A toda hora tentamos calar quem nos desagrada.

Rafinha Bastos foi longe demais? Foi, inúmeras vezes. Mas o limite do humor, como disse Jô Soares em entrevista à revista "Rolling Stone", é o proprio humor. "O humor não peca quando é grosso: peca quando não tem graça". Bingo.

Não existe humor a favor. O humor é sempre contra. É racista, homofóbico, preconceituoso, iconoclasta, nojento. O humor pode tudo --só não pode não ser engraçado.

"Ah, mas e se fosse com você? Se fosse com seu filho?" Não sei. Mas sei de uma coisa: passei a vida ouvindo piada de bicha. Algumas são revoltantes. Outras são ótimas, e eu faço questão de repetir.

A melhor arma contra um humorista não é a censura. É a indiferença. Quer que algum metido a engraçadinho deixe de fazer piadinhas incovenientes? Não ria, não vá a seus shows, espalhe por aí que o sujeito não tem graça. O caminho ao estrelato é pavimentado com os sonhos dos fracassados.

Agora, tirar de circulação um DVD lançado há quase um ano e que já vendeu 120 mil cópias, com diversos trechos que podem ser assistidos a qualquer momento na internet --aliás, que podem ser baixados de graça da internet, na mais alegre pirataria-- é um delírio autoritário. Até bem-intencionado, mas equivocado: porque não só não dá certo, como causa um mal ainda maior do que o original.

Eu prefiro aguentar umas piadas desagradáveis de vez em quando do que ter alguém, seja lá quem for, determinando o que eu posso ou não ouvir. E você?

Marido de procuradora foi encontrado com 28 perfurações, diz polícia

A Polícia Civil informou nesta sexta-feira (3) que o corpo de Djalma Brugnara Veloso, suspeito de matar a procuradora federal Ana Alice Moreira Melo, com quem era casado e tinha dois filhos, tinha 28 perfurações quando foi encontrado em um motel durante a madrugada. No total, o homem apresentava seis cortes profundos e 22 superficiais. A Polícia Militar disse pela manhã que o corpo tinha pelo menos nove facadas.

De acordo com o delegado Wagner Pinto, investigador que apura a morte de Veloso, uma lesão no coração provocou a morte dele. Ainda segundo informações do delegado, a polícia trabalha com a hipótese de suicídio. “Todos os fatos levam a crer que foi homicídio seguido de suicídio, 99% de chance de ser suicídio”, disse.

Segundo a polícia, Ana Alice foi morta na madrugada desta quinta-feira (2), a facadas, dentro da casa onde morava em um condomínio de luxo em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A babá estava em casa, no momento do crime, e se escondeu em um cômodo com os dois filhos do casal.

Ainda segundo a Polícia Civil, o corpo de Veloso foi encontrado apenas com roupas íntimas e virado de barriga para cima. No quarto, havia três latas de cerveja que haviam sido consumidas por ele. Uma faca de cozinha também estava no local. A polícia informou que, muito provavelmente, a arma é a mesma que foi usada para matar a procuradora e o suspeito teria se ferido em uma autoflagelação. Djalma Brugnara foi enterrado na tarde desta sexta-feira (3) no Cemitério Parque da Colina, em Belo Horizonte.

Em coletiva, os policiais explicaram que Veloso deu entrada no motel às 4h50 desta quinta-feira. Por volta das 18h de quinta, as camareiras perceberam que o empresário não havia feito nenhum pedido e ligaram para o quarto, mas ele não atendeu. De acordo com a polícia, após certo tempo, o quarto foi aberto e as funcionárias se assustaram ao perceber que ele estava ferido e completamente ensanguentado. O delegado Wagner Pinto explicou que a possibilidade de homicídio é muito pequena, pois o homem havia se trancado no quarto.


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Morte do marido
Na madrugada desta sexta-feira (3), o corpo de Veloso foi encontrado em um motel às margens da BR-356, no bairro Olhos D’Água, em Belo Horizontex. De acordo com imagens dos circuitos internos de TV do condomínio onde o casal morava e do motel, mostrados na entrevista coletiva pela delegada, Veloso deixou o residencial às 4h39 de quinta-feira e entrou no motel às 4h47.

Renata Fagundes disse que, se for confirmado que Veloso matou a mulher, o inquérito será arquivado porque, com a morte dele, fica “extinta a punibilidade do autor”. Nesta quinta, a delegada confirmou que ouviu quatro testemunhas da morte da procuradora, e outras três devem ainda ser ouvidas até o fim do inquérito. Em um dos depoimentos, a testemunha disse que Veloso não morava mais da casa dentro do condomínio, mas que frequentava o local, segundo Renata. Ele havia tido a prisão preventiva decretada pela Justiça na tarde desta quinta e estava foragido.

Investigação
A delegada Renata Ribeiro Fagundes disse na manhã desta sexta-feira (3) que está descartada a presença de uma terceira pessoa na cena da morte da procuradora federal. Pelas investigações preliminares, segundo a delegada, há fortes indícios de que o marido, Djalma Brugnara Veloso, de 49 anos, seja o autor do crime. Ana Alice foi morta na madrugada desta quinta-feira (2), a facadas, dentro da casa onde morava em um condomínio de luxo em Nova Lima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A babá estava em casa, no momento do crime, e se escondeu em um cômodo com os dois filhos do casal.

Separação
O casal estava em processo de separação. Segundo a delegada de Nova Lima, Renata Ribeiro Fagundes, o marido da procuradora não aceitava o fim do casamento. Na noite desta quarta-feira (1º) o juiz titular da Vara de Nova Lima, Juarez Morais, havia assinado uma decisão para que o marido da procuradora saísse de casa.

No dia 24 de janeiro, a procuradora registrou um boletim de ocorrência por agressão verbal e ameaça de morte atribuídas ao marido. No dia 25, o juiz assinou um pedido de audiência para que o suspeito fosse ouvido, com base na Lei Maria da Penha, que dispõe sobre violência doméstica familiar. A intimação foi entregue para o marido nesta quarta-feira (1º), segundo o advogado da mulher. De acordo com a polícia, o homem teria voltado à casa para tirar satisfações sobre o processo.

Segundo o advogado de Ana Alice, Murillo Evandro de Andrade, uma audiência com os dois tinha sido marcada para o dia 15 de fevereiro, mas o defensor iria pedir para que eles fossem ouvidos separadamente.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Jornalista Pedro Rios faz greve de fome em frente à Rede Globo

Desde segunda-feira, o jornalista Pedro Rios Leão está fazendo greve de fome em frente à sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro. A ação não é apenas um protesto, mas uma reivindicação. Pedro busca a compreensão de algum jornalista funcionário da Globo da importância de cobrir com transparência a expulsão de 6 mil pessoas da comunidade de Pinheirinho, no interior de São Paulo. Há indícios que tenha havido morte de moradores na invasão da Polícia Militar que retirou as centenas de famílias do local para devolver o terreno ao especulador condenado Naji Nahas…”

Pinheirinho: ONU dá 48h a Nahas e Alckmin

processo de reintegração de posse de Pinheirinho viola os direitos humanos. É preciso suspender o cerco policial e formar uma comissão independente para negociar uma solução para as famílias.


A opinião é da relatora especial da ONU para o direito à moradia adequada, a arquiteta e urbanista Raquel Rolnik, 55, que enviou um Apelo Urgente às autoridades brasileira pedindo explicações sobre o caso. Para ela, professora da FAU/USP, o país caminha para trás no campo dos direitos humanos e a pauta da inclusão social virou “sinônimo apenas da inclusão no mercado”.


Nesta entrevista, ela avalia também o episódio da cracolândia. Faz críticas do ponto de vista dos direitos humanos e da concepção urbanística. Rolnik aponta para violações de direitos em obras da Copa e das Olimpíadas e avalia que “estamos indo para trás” em questões da cidadania.


No plano mais geral, entende que o desenvolvimento econômico brasileiro está acirrando os conflitos em torno da terra –nas cidades e nas zonas rurais. E defende que “as forças progressistas”, que na sua visão abandonaram a pauta social, retomem “essa luta”.


A seguir, a íntegra.


*


Folha – Qual sua avaliação sobre o caso Pinheirinho?

Raquel Rolnik – Como relatora enviei um Apelo Urgente às autoridades brasileiras, chamando atenção para as gravíssimas violações no campo dos direitos humanos que estão acontecendo no processo de reintegração de posse no Pinheirinho. Posso apontar várias dessas violações. Minha base legal é o direito à moradia adequada, que está estabelecido nos pactos e resoluções internacionais assinados pelo Brasil e que estão em plena vigência no país.


O grande pano de fundo é que não se remove pessoas de suas casas sem que uma alternativa de moradia adequada seja previamente equacionada, discutida em comum acordo com a comunidade envolvida. Não pode haver remoção sem que haja essa alternativa. Aqui se tem uma responsabilização muito grave do Judiciário, que não poderia ter emitido uma reintegração de posse sem ter procurado, junto às autoridades, verificar se as condições do direito à moradia adequada estavam dadas. E não estavam.


O Judiciário brasileiro, particularmente do Estado de São Paulo, não obedeceu à legislação internacional. A cena que vimos das pessoas impedidas de entrar nas suas casas e de pegar seus pertences antes que eles fossem removidos para outro local –isso também é uma clara violação. Isso não existe! Nenhuma remoção pode deixar a pessoa sem teto. Nenhuma remoção pode impor à pessoa uma condição pior do que onde ela estava. São duas coisas básicas.

Nenhuma remoção pode ser feita sem que a comunidade tenha sido informada e tenha participado de todo o processo de definição do dia da hora e da maneira como isso vai ser feito e do destino de cada uma das famílias.


Tudo isso foi violado. Já violado tudo isso, de acordo com a legislação da moradia adequada, tem que fazer a relação dos bens. Remoção só deve acontecer em último caso. Isso foi absolutamente falho.


Essa área não poderia ser decretada de importância social?

Não pode haver uso da violência nas remoções, especialmente com crianças, mulheres, idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. Vimos cenas de bombas de gás lacrimogêneo sendo jogadas onde tinham mulheres com crianças e cadeirantes. Coisa absolutamente inadmissível.


Desde 2004 a ocupação existe e acompanhei como ex-secretária nacional dos programas urbanos do Ministério das Cidades. A comunidade está lutando pela urbanização e regularização desde 2004. Procuramos várias vezes o então prefeito de São José dos Campos para equacionar a regularização e urbanização.


O governo federal ofereceu recursos para urbanizar e para regularizar a questão fundiária. O governo federal não executa. O recurso é passado para municípios.


O que aconteceu?

Prefeito do PSDB jamais quis entrar em qualquer tipo de parceria com o governo federal para viabilizar a regularização e urbanização da área.


Por quê?

Pergunte para ele. Nunca quis tratar. A urbanização e regularização da área seria a melhor solução para o caso. A situação é precária do ponto de vista de infraestrutura, mas poderia ser corrigida. Aquela terra é da massa falida da Selecta, que é um grande devedor de recursos públicos, de IPTU. A negociação dessa área seria facilitada.


Se poderia estabelecer com eles uma dação em pagamento. Mesmo se não fosse viável uma dação em pagamento, a terra poderia ser desapropriada por interesse social, pelo município, Estado ou União.





Como avalia PT e PDSB nesse caso. A sra é do PT, não?

Não. Eu aqui falo como relatora dos direitos à moradia adequada. A questão partidária que existe é irrelevante. Os direitos dos cidadãos precisam ser respeitados.


O que se deve esperar como consequência concreta desse Apelo? A sra. acredita que possa haver reversão desse processo?

As autoridades têm 48 horas para responder ao Apelo. Confirmando ou não as informações de violação. Estamos alegando que houve informações sobre feridos, eventualmente mortes, que não houve. O Apelo é mandado para a missão permanente do Brasil em Genebra, que manda para o Ministério das Relações Exteriores e o MRE é quem faz o contato com a prefeitura, o governo do Estado e os órgãos do governo federal para responder.


Amanhã [hoje] faço um pronunciamento público. Nele peço que seja imediatamente suspenso o cerco policial, que se estabeleça uma comissão de negociação independente, com a participação da prefeitura, governo do Estado, governo federal e representação da própria comunidade, para que se possa encontrar uma solução negociada para o destino da área e das famílias. Que é a questão principal: o destino das famílias. Na minha opinião, idealmente, isso deveria envolver a própria área.


A sra. não descarta a hipótese das famílias voltarem para a mesma área?

Não descarto. Se houver um acordo em torno da questão da terra, inclusive com a massa falida da Selecta, seria possível. O mais importante: temos que acabar com esse tipo de procedimento nas reintegrações de posse no Brasil.


Não é só no Pinheirinho que estão acontecendo violações. Tenho denunciado como relatora que as remoções que estão acontecendo também violações no âmbito dos projetos de infraestrutura para a Copa e para as Olimpíadas. Menos dramáticas, talvez, do que no Pinheirinho, mas igualmente não obedecendo o que tem que ser obedecido.


A questão social no Brasil ainda é um caso de polícia?

Infelizmente tenho a sensação de que estamos indo para trás. Porque nós –e a minha geração fez parte disso– lutamos pelo Estado democrático de direito, pela questão da igualdade do tratamento do cidadão, pela questão dos direitos humanos. Para nós, a partir da Constituição isso virou um valor fundamental.


Nesta mesma Constituição se reconheceu o direito dos ocupantes de terra com moradia, que ocuparam por não ter outra alternativa.


Está na Constituição e, agora que o Brasil está virando gente grande do ponto de vista econômico, estamos voltando para trás no que diz respeito a esses direitos. Estamos assistindo a remoções sendo feitas sem respeitar [esses direitos]. Estamos assistindo um discurso totalmente absurdo –de que eles, que ocupam áreas, que não tiveram outra alternativa, são invasores. Como eles não obedeceram a lei, não temos que obedecer lei nenhuma com eles.


É um discurso pré-Constituinte. Isso foi amplamente reconhecido na Constituição. Tem artigo sobre isso. Estamos tratando essas questões não só aí [no Pinheirinho]. Veja como isso está sendo tratado na cracolândia. Vemos isso em várias remoções nos casos da Copa e das Olimpíadas. Simplesmente há um discurso: eles são invasores, não obedeceram a lei, para eles não vale nada da lei. Estamos picando a Constituição.


Por que estamos indo para trás?

É preciso ver como se foi constituindo uma pauta dominante. Como a pauta da inclusão social acabou sendo sinônimo apenas da inclusão no mercado, via melhoria das condições de renda. A inclusão no campo cidadão acabou tendo um papel muito menor e menos importante.


Nesse momento de desenvolvimento econômico muito importante, as terras urbanas e rurais adquirem um enorme valor econômico. Os conflitos em torno da terra estão sendo acirrados em função disso, dado o enorme e importante valor que a terra está assumindo. A exacerbação dos conflitos de terra tem a ver com o aumento do interesse pela terra.


Qual sua visão sobre os incêndios em favelas em São Paulo?

Que favelas pegam fogo em São Paulo? As favelas melhor localizadas. Não vejo notícia de favela pegando fogo na extrema periferia na região metropolitana, que é onde mais tem favela.


Qual é a sua hipótese?

A hipótese tem a ver com a importância estratégica de uma parte da terra ocupada por favelas –a importância estratégica para o mercado imobiliário de uma parte da terra ocupada por favelas. Trata-se de uma espoliação: uma terra valiosa em que você tira a favela e pode atualizar o seu valor. Dentro de um modelo em que o único valor que importa é o valor econômico e os outros valores não importam, tirar essa terra valiosa de uma ocupação de baixa renda faz sentido.


Mas a terra tem outros valores. Por exemplo, a função social da terra, outra coisa que está escrita na nossa Constituição. Não estou afirmando que esses incêndios sejam criminosos, porque não tenho nenhuma prova, nenhuma referência que me permita dizer isso. Entretanto, acho fundamental que esses incêndios sejam investigados. Por que esses incêndios estão ocorrendo agora exatamente nessas favelas?